10 de fev. de 2010

Entrevista com Gabriel Prehn Britto.

Gabriel Prehn Britto
Redator por 13 anos em agências como RBA, Dez Propaganda e SLM/Ogilvy. Desde o início de 2009 é Diretor de Criação da AG2 (afilhada Publicis), em Porto Alegre, criando para clientes como Bradesco, General Motors, Arno, C&A, Reebok, Vulcabrás/Azaleia e Bunge Alimentos.

CCCS - Começando com uma pergunta bem básica: Hoje você é diretor de criação, mas já foi apenas redator. Como era seu processo criativo? Como toda essa coisa de criar funcionava para você?

Gabriel Prehn Britto - Às vezes era legal, às vezes era um drama. Às vezes a ideia saía rapidamente, às vezes levava um tempão e nem saía. Aliás, ainda é assim, porque eu continuo sendo redator em alguns trabalhos. O processo criativo é o clássico: tentar se concentrar o máximo possível no assunto, ter um DA para debater, passar horas vendo livros para estimular e, se der sorte, ter a ideia logo para poder produzir rápido.

CCCS - Quais as características indispensáveis para um diretor de criação?

Gabriel Prehn Britto - Ter um saco enorme, saber lidar com pessoas, saber as horas certas de ser sério ou brincalhão, saber orientar, saber que vai ser requisitado a toda hora, ter bom-senso, ter assistido a “A Noite Americana” (François Truffaut) e gostado da vida de diretor de cinema.

CCCS - Você parece gostar bastante de viajar. Você acredita que exista diferença entre buscar referências diretamente "na fonte" e a pesquisa na internet?

Gabriel Prehn Britto - Claro que sim! Não existe nada mais inspirador do que conhecer algo ao vivo.

CCCS - Atualmente, com a ajuda da tecnologia, muita gente acha fácil fazer propaganda, embora se sabia que a realidade é um pouco diferente. Para trabalhar com publicidade é preciso talento nato ou dá pra aprender a fazer propaganda?

Gabriel Prehn Britto - É preciso ter uma mente criativa, e isso é talento. Tendo uma mente criativa, é possível orientá-la para a propaganda, com maior ou menor dificuldade.

CCCS - O que você acha que a propaganda brasileira tem de diferente - e positivo - em relação à outros países?

Gabriel Prehn Britto - O sol e o calor.

CCCS - Atualmente, muito da propaganda traz um maior apelo visual e as novas gerações estão lendo cada vez menos na internet (os jovens de hoje parecem não "conseguir" ler textos extensos), por isso algumas pessoas falam que texto está se tornando irrelevante. Você concorda com isso?

Gabriel Prehn Britto - Não concordo que ele seja “menos relevante”. Ele continua sendo fundamental em certas propostas. O que ele precisa ser, hoje, é mais simples, curto e direto.

CCCS - A propaganda mudou conforme os tempos foram passando e as tecnologias foram tornando possível a fabricação de diversos produtos em massa. Antes o foco era vender o produto. Qual o foco da propaganda hoje?

Gabriel Prehn Britto - Gerar emoção ligada à proposta do produto. Na verdade, isso ainda é vender o produto, mas sem falar tanto (ou tão abertamente) dele.

CCCS - O advento e a popularização da internet trouxeram uma série de novas formas de comunicação e interação com o público (propagandas animadas, marketing viral, mídias sociais, sites interativos). O que o criativo precisa ter em mente ao criar para este novo veículo (que, diferente dos outros, traz inúmeras possibilidades)?

Gabriel Prehn Britto - Precisa saber que é tudo comunicação. Que a internet é apenas um meio de espalhar o conceito, assim como as formas “tradicionais”. Não adianta fazer algo criativíssimo na web se não há ligação com o produto, óbvio. Tendo isso em mente (e muito bom-senso), vale tudo que puder ser feito com a verba do cliente.

CCCS - Você já criou para marcas grandes e pequenas. Qual o maior problema para o criativo: ter uma idéia genial para um produto sem muito apelo, decifrar um briefing mal feito, contornar problemas logísticos de uma campanha ou lidar com o ego de alguns clientes?

Gabriel Prehn Britto - O maior problema para o criativo é precisar ganhar dinheiro. Se não precisasse, seria uma maravilha.

CCCS - Para finalizar: a tecnologia sempre muda a forma como as pessoas vêem a propaganda e força a publicidade a tomar novos rumos. Qual, segundo sua opinião, é a tendência para a propaganda no futuro? Qual seria o próximo passo da evolução da propaganda?

Gabriel Prehn Britto - Ser cada vez menos invasiva, às vezes até imperceptível.

Em março, o Gabriel vai estar em Caxias do Sul para o próximo Pontapé do CCCS, com a palestra "Viaje nas ideias. Como as suas férias podem ajudar na sua criatividade.".

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