12 de abr. de 2010

Ibope radiografa imagem da publicidade no Brasil.

O brasileiro é um apaixonado por propaganda, mas nem por isso se deixa enganar. Essa é a essência de uma pesquisa encomendada ao Ibope pela Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), que a apresentou na sexta-feira 9. Foram ouvidos mais de dois mil consumidores entre 16 e 55 anos em nove capitais. Mais de dois terços reconhecem a importância da propaganda em suas vidas (62%). O dado mais animador é o apreço manifestado pela atividade: 43% declaram gostar da publicidade. A propaganda política, porém, tem desempenho oposto: 57% não gostam nada dela.

O espírito crítico dos consumidores ficou mais evidente naqueles de classe A (apesar de 61% serem favoráveis) e, no critério geográfico, no Rio de Janeiro e em Fortaleza. Os efeitos da propaganda foram avaliados como informativo (66%), persuasivo (25%) e econômico (10%). O grupo majoritário entende a propaganda como fonte de informação, enquanto o segundo se divide bem entre os que consideram a propaganda como persuasiva e que traz mais opções de escolha aos consumidores. O grupo menor entende que a propaganda permite melhor conteúdo nos veículos de comunicação (40%) e preços acessíveis aos mesmos (49%), além de contribuir para uma concorrência saudável entre as marcas (71%).

A pesquisa também dividiu os consumidores em cinco categorias, de acordo com a relação que nutrem com a propaganda. A predominância foi dos apaixonados (30%), seguidos dos reguladores e os racionais (19% cada); os apaixonados desconfiados (18%) e, por fim, dos rejeitadores (14%). O primeiro grupo tem uma relação de confiança total com a propaganda, valorizando a função persuasiva da propaganda. Os reguladores reconhecem a importância, mas não se sentem seduzidos e são favoráveis ao controle e regulamentação da atividade. Os racionais valorizam mais a função informativa, mas veem as restrições com atitude autoritária. Os desconfiados são semelhantes ao primeiro grupo, mas são mais ressabiados; enquanto os rejeitadores não gostam, entendem como indução ao consumo desnecessário e são favoráveis a rígida regulamentação.

Os temas mais polêmicos do setor também foram submetidos aos entrevistados, dos quais apenas 38% declaram saber que existem órgãos reguladores. Apenas 9% citaram o Procon na pesquisa estimulada, número que cai para 7% na espontânea. O Conar, por sua vez, foi citado por apenas 3% nas duas amostras, apesar de 14% declararem "já ter ouvido falar" e 69% considerarem sua atuação como "muito boa", além dos 19% que a consideram "boa".

A maioria não considera que a propaganda voltada ao público infantil deva sofrer grandes restrições, com aprovação de 49%. Esse número sobe para 55% entre aqueles com filhos até 12 anos, mas cai para 46% entre aqueles sem filhos com menos de 12. A atitude é bem menos liberal quando o assunto é propaganda para cigarros, bebidas destiladas, cervejas ou vinhos, com defesa da proibição de 64%, 34%, 29% e 27% respectivamente. "As pessoas não são indefesas. Entendem o papel da propaganda, a valorizam, mas também reagem quando acham necessário", afirma Nelsom Marangoni, CEO do Ibope Inteligência.

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