1 de abr. de 2010

Mais uma desculpa para viajar.

Para quem não foi na palestra, um resumo da mesma, nas palavras do Gabriel Prehn Britto:

Viajar estimula a criatividade? Eu tinha certeza disso quando me propus a falar sobre o tema na palestra do CCCS, mas minha convicção era baseada exclusivamente em experiências pessoais. Sempre senti que voltava das viagens louco para fazer coisas novas, querendo mudar isso e aquilo. Porém, nunca havia encontrado (e nem procurado) nenhuma comprovação científica da minha pseudo-teoria. Era achismo brabo mesmo. Então fui atrás de algo com mais credibilidade do que eu, para não passar por charlatão na frente dos criativos de Caxias do Sul. Pesquisa aqui, clica ali, acabei encontrando a prova que faltava para saber que eu estava certo.

Foi uma pesquisa, a primeira sobre o assunto, comandada pela Insead e pela Northwestern University, publicada na American Psychologist, em abril de 2008, com o título “Multicultural Experiences Enhances Creativity: The When and How”. Deixando o cientifiquês fora deste post e indo direto ao que interessa: o resultado mostrou que as experiências multiculturais podem, sim, melhorar o desempenho criativo e a capacidade de resolver problemas que exijam ideias novas. Em números, segundo o artigo do Johan Lehrer publicado na The San Francisco Panorama, o estudo diz que pessoas que viveram fora do seu país têm 20% mais probabilidade de resolver um determinado teste criativo.

Por quê? Pelo óbvio. Viajantes vivem lidando com pontos de vista diferentes sobre assuntos idênticos, por isso percebem que existem formas diferentes de interpretação dos problemas. Sensacional, não? Mas o mais importante é que o mesmo estudo mostrou que a melhora no desempenho criativo está ligada ao grau de abertura do viajante às novas culturas com as quais entra em contato. Ou seja, pouco adianta você ir para a Cochinchina se insistir em ficar fechado no seu mundinho, sem procurar participar/entender a cultura local. Aliás, se for para isso, por que mesmo você viajou?

Com a ciência me dando apoio, me achei o máximo e saí atrás também de uma opinião filosófica para o assunto. Encontrei no papa dos preguiçosos: Domenico de Masi. Olha o que ele diz no excelente livro O Ócio Criativo: “Nós fomos primeiro nômades e depois nos tornamos sedentários. (…) Mas o antigo nômade que ainda vive dentro de nós não morre nunca, e, quando a gente menos espera, a sua inquietude neurótica desperta do sono para nos obrigar a sair pelo mundo. (…) O nômade (…) conserva um segredo de felicidade que o cidadão perdeu (…). Para reencontrar este segredo, os cidadãos são atiçados pelo demônio da viagem (…) usam como pretexto os negócios ou as férias. Fazem as malas e partem. (…) Mozart não fez outra coisa a não ser girar pelo mundo (…). Cada viagem contribuiu para enriquecer e refinar o seu espírito musical, até fazer dele o grande gênio que todos conhecemos.”

E a melhor parte do tio Domenico: “Mudar de lugar estimula a criatividade.” Um grand finale teórico perfeito para o que eu sempre senti na prática.

Fonte: www.oqueeufiznasferias.com.br

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